O populismo no Brasil


Tié Lenzi
Tié Lenzi
Mestre em Ciências Jurídico-Políticas

No Brasil, o período de governos populistas começou em 1930 durou até 1964, quando aconteceu o golpe militar que marcou o início da ditadura.

O governo populista brasileiro pode ser dividido em duas épocas:

  • De 1930 a 1945, durante o primeiro governo de Getúlio Vargas - Era Vargas.
  • De 1946 a 1964, chamado de República Populista (ou Quarta República).

O que é populismo?

Populismo é uma forma de governar com mais proximidade do povo, com demonstração de um vínculo entre governante e cidadãos. Esse tipo de governo que já foi adotado por muitos políticos.

No populismo é comum que o governante demonstre publicamente o interesse em solucionar problemas sociais, principalmente os que afligem as pessoas mais pobres.

Características do populismo

  • relação próxima do governante com o povo;
  • políticos com postura carismática;
  • preocupação com problemas que atingem as classes sociais mais baixas;
  • propaganda política de promoção do governo;
  • desenvolvimentismo, preocupação em fazer investimentos para o desenvolvimento local.

Era Vargas (1930-1945)

Era Vargas é nome dado ao período em que Getúlio Vargas foi presidente do país. A história da Era Vargas é dividida em fases:

  • Governo Provisório: foi o primeiro governo de Getúlio, entre 1930 e 1934, iniciado após a Revolução de 1930.
  • Governo Constitucional: de 1934 a 1937.
  • Estado Novo: último governo, entre 1937 a 1945.

Seu primeiro governo já apresentava características populistas, sendo a proximidade com o povo uma das principais. Nos últimos anos (durante o Estado Novo), o governo de Getúlio foi considerado mais rígido, em comparação com os anos iniciais.

Para muitos, o período do Estado Novo pode ser considerado um governo com características de ditadura, o que fez com que ficasse conhecido como "ditadura varguista".

Getúlio Vargas
Presidente Getúlio Vargas em 1942.

Getúlio investiu na adoção de algumas medidas de proteção e criação de direitos dos trabalhadores. Dentre elas, se destaca a criação do Ministério do Trabalho.

Entretanto, Vargas também tomou medidas que diminuíam a força de outros Poderes, como a dissolução do Congresso Nacional.

A Era Vargas terminou quando o governo sofreu um golpe militar. Logo depois, iniciou-se um novo período: A República Populista.

Getúlio assumiu a presidência novamente em 1951 e governou até 1954, durante a República Populista.

República Populista (1946-1964)

Nessa época, foram presidentes Eurico Gaspar Dutra, Getúlio Vargas, Café Filho, Carlos Luz, Nereu Ramos, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, Ranieri Mazzilli e João Goulart.

Getúlio Vargas

Teve dois mandatos seguidos, entre 1930 e 1945. Em seu governo aprovou o voto das mulheres em 1932 e a promulgação da Constituição de 1934.

A Constituição tinha algumas medidas pouco democráticas, como a autorização de censura, aplicação de pena de prisão para cidadãos contrários ao governo e a eliminação da liberdade partidária.

Getúlio voltou a ser presidente entre 1951 e 1954. Sofreu pressão dos militares para renunciar antes do fim do governo. Ele não cedeu à pressão da renúncia, mas acabou por suicidar-se em 24 de agosto de 1954.

Eurico Gaspar Dutra

Assumiu depois que Getúlio Vargas foi deposto e foi presidente de 1946 a 1951. Uma de suas medidas populistas foi a criação do Plano SALTE, um plano econômico que criou políticas de incentivo ao crescimento nas áreas de atendimento básico, como saúde, alimentação, transporte e energia elétrica.

Em seu governo foi promulgada a Constituição de 1946, que tinha medidas como a proibição de censura e de pena de morte.

Café Filho

Café Filho foi vice-presidente no último governo de Getúlio Vargas e assumiu o cargo depois de seu suicídio. Governou por pouco mais de um ano, entre 1954 e 1955.

Enfrentou disputas políticas e falta de apoio ao seu governo. Adoeceu e foi substituído por Carlos Luz.

Carlos Luz

Foi presidente interino somente por três dias, em novembro de 1955, quando Nereu Ramos assumiu a presidência.

Nereu Ramos

Foi presidente por pouco mais de dois meses, entre novembro de 1955 e janeiro de 1956. Assumiu para encerrar o período de governo iniciado em 1951 com Getúlio Vargas.

Juscelino Kubitschek

Também conhecido como JK, foi presidente do país entre 1956 e 1961.

A construção de Brasília aconteceu em seu governo, que tinha como lema 50 anos em 5. O objetivo de JK era alavancar o desenvolvimento do país de tal forma que fosse possível implementar 50 anos de progressos em apenas 5 anos de governo.

Seu governo foi marcado por um grande crescimento das indústrias, além de períodos de muita inflação.

Jânio Quadros

Jânio Quadros assumiu a presidência após o fim do governo de JK e ocupou o cargo por poucos meses, de janeiro a agosto de 1961. João Goulart, que assumiria a presidência logo depois, foi seu vice.

Começou seu curto governo tentando combater a alta inflação herdada do governo de Juscelino Kubitschek. Para isso, tomou medidas de contenção econômica muito rígidas.

O governo entrou em crise em pouco tempo e Jânio renunciou em agosto de 1961.

Ranieri Mazzilli

Assumiu o governo por poucos dias até a posse de João Goulart, vice-presidente do governo de Jânio Quadros.

João Goulart

Após a renúncia de Jânio Quadros, João Goulart (conhecido como Jango) assumiu a presidência depois da aprovação do sistema parlamentarista no Brasil. Junto com ele, Tancredo Neves assumiu como primeiro-ministro.

Implantou medidas para combater a inflação e controlar a economia e também criou políticas para atender demandas sociais na educação e na organização do crescimento das cidades.

Ele governou até 1964, quando deixou o Brasil em direção ao Uruguai. Jango se refugiou da ofensiva do exército que culminou no golpe militar que iniciou a ditadura.

Para saber mais sobre o assunto, veja também:

Tié Lenzi
Tié Lenzi
Licenciada em Direito e Mestre em Ciências Jurídico-Políticas pela Universidade do Porto, Portugal.
Página publicada em 13 de Março de 2020 e última atualização em 13 de Março de 2020 às 21:03.
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